História de Esteio

Confira aqui um resumo da história de nossa cidade e do processo de emancipação do Município.

A área onde está Esteio fazia parte de uma sesmaria doada, em 1740, a Francisco Pinto Bandeira, que também incluía terras atualmente pertencentes a Canoas e Gravataí. Os 27,676 quilômetros quadrados de nossa cidade eram uma região de difícil acesso, lamacenta e atraente aos caçadores da capital pela abundância de jacarés e outros animais. A partir de 1810, tudo passa a integrar o município de Porto Alegre, além de compor a Fazenda Areião do Meio, criada após o fracionamento da propriedade original.

Em 1º de abril de 1846, São Leopoldo conquista a emancipação política e a futura Esteio é incorporada ao território capilé. Foram necessários mais 18 anos para a história do lugar começar a mudar. Serafim Pereira de Vargas, conhecido como coronel Janjão, compra a fazenda, em 1865, para a criação de gado vacum.

Oito anos depois, a Estrada de Ferro Porto Alegre-São Leopoldo (oficialmente chamada de The Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company Limited) começou a ser construída. A empresa britânica responsável pelo projeto, liderada pelo escocês John Mac Ginity, determinou que os trilhos passariam no meio do imóvel de Janjão. Logo, os trabalhadores da obra começaram a chegar e fixaram-se com suas famílias, formando o primeiro núcleo habitacional do local.

Pouco mais de três décadas depois, em 1905, o povoado já era grande o suficiente para receber uma pequena estação de trem, localizada onde hoje é a Praça Irmão Egídio Justo. Outros dois decênios passaram e, em 1930, a firma Dahne, Conceição & Cia, dirigida pelo engenheiro Ildo Meneghetti (mais tarde, governador do Estado por duas vezes), adquiriu quase todo o lugar e o urbanizou, abrindo ruas e avenidas, com o objetivo de comercializar lotes.

Esteio no início do século XX

 

A origem do nome

Não existe consenso do motivo pelo qual a localidade passou a ser chamada de Esteio. De acordo com uma das hipóteses, na área onde hoje está a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), havia um depósito de esteios destinados à colocação de trilhos. Já a outra versão atesta que o nome da cidade teve origem em uma ponte sobre o Arroio Sapucaia, sustentada por uma estaca de madeira e conhecida, popularmente, como Ponte do Esteio.

Ponte sobre o Arroio Sapucaia

 

São Leopoldo concede maior autonomia a Esteio

Em 1935, o lugarejo tinha cerca de mil habitantes. Na época, com a construção da antiga estrada que ligava a capital ao Vale do Sinos (hoje, a Avenida Presidente Vargas), alguns porto-alegrenses adquiriram terrenos em Esteio, inicialmente para construir casas de campo e, mais tarde, para aqui fixarem residência.

Com o rápido crescimento da povoação, São Leopoldo promulga a  lei 10, de 13 de janeiro de 1948, que elevou o arraial à categoria de vila, criando o 1º Subdistrito daquela cidade. Dois anos mais tarde, em 21 de março de 1950, a lei 174 transforma o local no 11º Distrito do município capilé.

Esteio nos anos 30 do século XX

 

Rumo à emancipação

Esteio já tinha mais de 12 mil habitantes quando Pedro Lerbach e Julião Rodrigues de Moura se reuniram na casa do escrivão distrital Adão Ely Johann, em 22 de novembro de 1952. Na oportunidade, eles decidiram que, no dia 27 do mesmo mês, realizariam um novo encontro, no Clube do Comércio, para discutir a emancipação do então distrito leopoldense. Após a segunda reunião, foi deliberado que um grupo de cidadãos do lugar iria colher os documentos necessários para pleitear, na Assembleia Legislativa, a autonomia política do povoado. Foi criada a Comissão do Movimento Pró-Emancipação, cuja primeira diretoria era composta pelas seguintes pessoas:

 

Presidente: Julião Rodrigues de Moura

Secretário: Thomaz de Carvalho Osório

Tesoureiro: Pedro Lerbach

Membros: Alexandre Stoldoni, Almerindo C. da Silva, Lourenço Cesar da Silveira, Numerio Carvalho, Secundino Ayres e Walter de Freitas. 

 

Quase oito meses depois, em 2 de julho de 1953, uma assembleia-geral do movimento foi realizada no Cine-Teatro Imperial. Na ocasião, foi escolhida a diretoria efetiva, com a composição elencada abaixo:

 

Presidente: Luiz Alécio Frainer

1º vice-presidente: Percival Lisboa

2º vice-presidente: Oséas Vieira da Cunha

3º vice-presidente: Julião Rodrigues de Moura

4º vice-presidente: Francisco Corrêa

Secretário-geral: Ivo Emilio Werlang

1º secretário: Vicente Tessadri

2º secretário: Paulo Lucena Borges

3º secretário: Julio Stroe

Tesoureiro-geral: Octávio da Silveira Borges

1º tesoureiro-geral: Linos Möller

2º tesoureiro-geral: Jorge de Souza Morais

3º tesoureiro-geral: Henrique Lemmermeier

 

Comissão de Finanças: Aguinaldo Figueiredo, Alberto Ortiz Filho, Alvício Nienow, Aparício dos Santos, Arlindo José Friederichs, Arthur Dossena, Benjamim Ramos Marques, Darci Zolin, Euclides Pimentel, Fernando Lambiase, Ferrúcio Pauluzzi, Heitor Pires, Hélio A. Sperb, Henrique Klein, João Antonio de Oliveira, Luiz Biazetto, Oscar Berg, Pedro Andrade, Percival Lisboa, Rubem Goldim, Salomão Chanin, Sebastião Pacheco e Secundino Ayres.  

 

Comissão de Propaganda: Antonio Biazetto, Gildo Cauduro, Plínio Jacobus, Ruy Guimarães, Theo Pauluzzi e Theobaldo Schuller. 

 

Oradores: Geraldo Penteado de Queiroz e Ilo José Albuquerque

 

O plebiscito

Uma vez comprovado o fato de Esteio satisfazer as condições estabelecidas pela lei estadual 2.116 de 24 de setembro de 1953 para ter autonomia política, um plebiscito foi marcado para 8 de dezembro do mesmo ano. Naquela ocasião, a maioria dos eleitores do 11º Distrito de São Leopoldo votou favoravelmente à emancipação. 

Multidão em frente ao Cine-Teatro Imperial

 

A instalação do Município

A decisão dos cidadãos foi ratificada pela lei estadual 2.520, de 15 de dezembro de 1954, que criou o Município de Esteio e marcou a eleição do prefeito, vice e vereadores da nova cidade para o dia 20 do mesmo mês. Na oportunidade, Luiz Alécio Frainer e Arthur Dossena foram escolhidos como os líderes do Poder Executivo para o período entre 28 de fevereiro de 1955 e 31 de dezembro de 1959. Já os sete primeiros membros da Câmara Municipal permaneceriam no cargo por pouco mais de dez meses, até 31 de dezembro de 1955.

Cine-Teatro Imperial

 

 

Referências

 

COSTA, Israel José da. Esteio: progresso a passos largos. Porto Alegre: Metrópole Edições Históricas, [1964?].

 

FLÔRES, João Rodolpho Amaral. Profissão e experiências sociais entre trabalhadores da Viação Férrea do Rio Grande do Sul em Santa Maria (1898-1957).  2005. 586 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2005. Disponível em: <https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/465/2020/01/Tese-Joo-Rodolpho-parte-1.pdf>. Acesso em 27 de novembro de 2020.

 

GAYA, Lufre Araújo. Esteio: obra e progresso de um povo. Esteio: Destaque-Gráfica Editora, 1977. v. 2.

 

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Genealogia dos municípios do Rio Grande do Sul. 1. ed. Porto Alegre: SPGG, 2018. Disponível em: <https://planejamento.rs.gov.br/upload/arquivos/201803/27155415-spgg-genealogia.pdf>. Acesso em 26 de novembro de 2020.

 

LUZ, Miguel. Ao longo dos trilhos. Esteio: [s.n.], 2005.

 

PREFEITURA MUNICIPAL DE ESTEIO. Esteio, 30 anos em revista. Porto Alegre: Gráfica Palotti, 1985.