Emissão de fumaça da Refap é debatida em reunião da Câmara de Vereadores de Esteio


Em relatório encaminhado à Secretaria de Meio Ambiente de Esteio, Fepam afirma ter autuado a Refap pelo episódio do dia 5 de maio. Estatal garante que não recebeu a notificação

22/05/2019 - A emissão de altas chamas, com fumaça escura e cheiro de gás fora da normalidade ocorridos nos dias 5 e 13 de maio na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que assustou a comunidade de Esteio, foram debatidas ontem(21), em reunião chamada pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal, integrada pelos vereador Leo Dahmer (PT), Mário Couto (PDT) e Rute Pereira (MDB), no Plenário. Com a presença de representantes da estatal, além dos vereadores Fernanda Fernandes (PP), Ari Zanoni (PSB), Luiz Duarte(PT) e do presidente Euclides Castro (PP), comunidade, Sindipetro, Secretarias do Meio Ambiente de Esteio e Canoas, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação e funcionários da Refap, o gerente de Segurança e Saúde da refinaria, José Leandro de Lima, garantiu que as chamas, resultado da parada técnica da planta petroquímica, em função de  problema numa válvula, estavam dentro da normalidade e que a queima (monóxido de carbono), é justamente realizada para manter a segurança da refinaria. "O gás emitido é de baixo impacto porque se dissolve no ar com muita rapidez. Foi uma falha não esperada. As plantas quando param precisam de toda uma reação para dar a partida novamente. São plantas grandes que geram gasolina, gás de cozinha, gás combustível. É uma das mais complexas que a Petrobras tem. O fogo é sempre bem recebido porque representa segurança", disse. O gerente ainda atribuiu o cheiro forte à emissão de gás dos carros, das empresas e da refinaria, em dias de inversão térmica, ou seja, de chuva, quando o odor fica mais intenso devido às nuvens densas.

Durante a reunião, conduzida pela presidente da comissão, Leo Dahmer, os vereadores questionaram as ações tomadas pela refinaria para minimizar o problema e relataram a falta de comunicação da estatal com a comunidade, no sentido de avisar sobre possíveis falhas, especialmente sobre os dois últimos episódios que causaram grande impacto na população. 

Na oportunidade, a titular da Secretária de Meio Ambiente de Esteio, Sabrina Reis, afirmou que a pasta foi pautada sobre a emissão de fumaça. Ela fez a leitura do relatório enviado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), informando que a Refap fora autuada pela emissão incompleta de hidrocarboneto nas tochas, com relação ao episódio de 5 de maio e que do dia 13, estaria sob análise.

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação,  Marcelo Kohlrausch, questionou as políticas de compensação da empresa em relação à poluição, a contrapartida com o município e pediu divulgação das ações para que os moradores do entorno não sejam surpreendidos novamente. "Melhorar o diálogo com a comunidade é fundamental. Também queremos o retorno dos sinais de alerta", falou.

Já os funcionários da estatal, presentes à reunião,  afirmaram não ser normal a emissão e ressaltaram que o sucateamento da Refap - que tem a possibilidade der ser privatizada -, somados á falta de mão de obra e de baixos investimentos, podem ser agravantes para a segurança do local.

Para  o presidente do Sindipetro, Dary Back Filho, que reforçou o posicionamento dos empregados da Refap, a redução nos salários vem gerando a dificuldade de manutenção das plantas. "Uma gestão que visa lucro a qualquer custo tem este resultado. A questão  nas plantas petroquímicas é o somatório de todos os pequenos problemas. O risco é grande e a refinaria não está isenta de ocorrer um problema maior pela falta de manutenção. Além disso, paradas não programadas não são comuns", discordou.

Sobre a autuação, conforme Lima, a Refap não foi notificada. "Temos a liberação da Fepam", relatou, reforçando a existência de medidores da qualidade do ar, um no bairro São Sebastião, que deve ser reinstalado junto ao Parque Assis Brasil. O gerente ainda explicou que a empresa está adotando todas as medidas de segurança e que  há um grupo no Whatsapp chamado de Comitê Comunitário, que recebe todas as informações sobre possíveis dificuldades.  Lima falou sobre a redução em 50% dos gases tóxicos e garantiu que os investimentos maciços na refinaria estão sendo feitos na segurança e outras áreas mais sensíveis. "Vamos melhorar a transparência junto aos moradores e procurar com mais assiduidade as lideranças para dar mais tranquilidade", disse, afirmando que as compensações estão sendo realizadas com trabalhos sociais, informando como exemplo, o Criança Cidadã, que acontece no Centro de Formação Tereza Verzeri entre outros.

Os vereadores aproveitaram para cobrar  um plano de emergência e de proteção aos moradores de Esteio e Canoas;  o retorno mais efetivo dos questionamentos encaminhados pela Câmara de Vereadores;  a análise periódica do ar, destacando a manutenção do medidor no bairro São Sebastião, um dos mais afetados pela refinaria, e a transparência junto aos moradores.  Para os vereadores, se a planta está com problema, não pode ser colocado em risco toda a comunidade. Na última segunda-feira, 20, o caso foi levado ao Ministério Público pelo vereador Sandro Severo.

 

Por Terezinha Bobsin - reg prof MTb/RS 7156