Câmara realiza audiência pública sobre isenção de conta de água
Por Gustavo Santos - reg prof MTb/MG 14986
Em pauta, recusa da Corsan em não cobrar água de atingidos por enchentes de julho; superintendente-geral diz que empresa vai analisar “caso a caso”
Durante a tarde de hoje, dia 1º, a Comissão de Finanças e Orçamento realizou audiência pública sobre desconto na conta de água dos atingidos pelas enchentes que atingiram Esteio a partir de 13 de julho. A reunião foi proposta pelo presidente da comissão, Leonardo Pascoal (PP) e pelo vereador Marcelo Kohlrausch (PDT). Estiveram presentes representantes da Companhia Rio-Grandense de Saneamento (Corsan) e Agência Regulatória do Rio Grande do Sul (Agergs), além dos vereadores Jane Battistello (SD), Felipe Costella (PMDB), Beatriz Lopes (PT), Harri Zanoni (PSB), Jaime da Rosa (PSB) e Rafael Figliero (PTB) e o secretário municipal de Obras Viárias e Serviços Urbanos, José Luiz da Silva.
A discussão girou em torno da recusa por parte da Corsan em conceder isenção de pagamento aos usuários que foram atingidos pelas cheias. Anteriormente, durante as cheias que afetaram a cidade em 2013, uma medida semelhante foi tomada. Na ocasião, quem teve a casa inundada não precisou pagar água durante seis meses, desde que o consumo fosse inferior a 10 metros cúbicos. Quem consumisse mais, pagava apenas a diferença.
O vereador Pascoal, ao abrir a audiência, mostrou trecho de entrevista do diretor-presidente da Corsan, Flávio Pereira Presser, concedida à mídia estadual, em julho, onde afirmava que os atingidos pelas cheias, provavelmente, iriam ser beneficiados com descontos. “Quando as pessoas retornarem, elas vão precisar fazer limpeza nos seus lares e nos seus pátios. Então, elas vão consumir muito mais água, elas não podem ser penalizadas por isso”, disse Presser, na ocasião.
Pascoal observou que Presser não condicionou o desconto ao desabastecimento de água e, por isso, foi solicitada a realização de uma audiência pública para discutir o assunto e “reivindicar esse benefício para nossa comunidade”.
Já o vereador Kohlrausch relatou que, durante visita ao governador José Ivo Sartori (PMDB), realizada em 16 de julho, no auge das enchentes, foi mostrado um mapa em que constava Esteio como a mais atingida pelas inundações. Ele questionou o fato de cidades menos atingidas terem sido beneficiadas com descontos. “Ninguém aqui está pedindo favor. O que nós estamos pedindo, que o corpo técnico da Corsan, da Agergs, é que use o princípio da isonomia. Não pode dar isenção? Vamos dar desconto”, declarou o parlamentar pedetista.
O diretor-geral da Agergs (órgão consultivo responsável por fiscalizar serviços públicos), Luiz Henrique Mangeon, afirmou que desconto dado aos moradores de Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão não foram causados especificamente por causa das enchentes e sim, ao fato da distribuição de água nas cidades ter sido interrompida, durante as enchentes. Por isso, a agência regulatória, segundo Mangeon, “determinou uma aplicação de descontos e foram beneficiadas com esses descontos as cidades de Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão. Não por causa da enchente, mas por causa da não prestação do serviço de forma adequada”.
A seguir, o assessor jurídico da Corsan, Jonas Garcia Borba, afirmou ser impossível a isenção do valor referente às faturas dos atingidos pelas cheias, por causa de uma proibição que consta no contrato de programa firmado entre a empresa e o município, onde esse tipo de medida só seria permitido em situações onde a Corsan tenha culpa. Segundo Barbosa, em 2013, ao contrário do que aconteceu em julho, houve interrupção do fornecimento de água.
Já o superintendente-regional da Corsan, Alberto Paganella, disse que a empresa vai analisar, individualmente, o caso dos atingidos pelas cheias. Os usuários que tiverem registrado um aumento no consumo, durante o período em que as enchentes aconteceram, podem se dirigir à unidade local da Corsan, onde vai ser analisada a situação do usuário tendo como base o histórico do consumo e se o local onde se encontra a instalação foi atingido pelas inundações. “Nós não podemos prometer isenção a todos, nem parcelamento a todos e também que não vai fazer nada a todos. A gente tem que olhar caso a caso”, afirmou Paganella.
A vereadora Michele Pereira questionou o secretário José Luiz da Silva sobre um possível atraso do município do encaminhamento da documentação necessária para requisição da isenção de tarifa dos atingidos pela enchente. Silva respondeu que o município encaminhou o decreto de Estado de Emergência foi assinado em 14 de julho, dia seguinte ao início das cheias e que no dia 21 a documentação de solicitando a isenção da conta de água foi enviada à Corsan.