13/11/2013 - DNIT nega que obra da BR 448 seja responsável pelas últimas enchentes

 DNIT nega que obra da BR 448 seja responsável pelas últimas enchentes

Uma comitiva, formada por moradores, DNIT e vereadores, vai visitar o local na próxima semana

     O Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT) segue negando que é a grande causadora das constantes enchentes - três em menos de 70 dias - que vêm assolando Esteio e boa parte da Região Metropolitana e do Vale do Sinos, é a rodovia BR 448, ou a Rodovia do Progresso. Durante reunião da tarde de ontem (12), a pedido da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação da Câmara de Vereadores, no Plenário, o supervisor do DNIT, Carlos Alberto Pitta Pinheiro, disse que a obra não é a responsável pelas inundações e que todas as passagens de água construídas ao longo da rodovia, ao todo seis na parte de Esteio, foram viabilizadas através de estudos e análises do local. Entretanto, técnicos do departamento relataram que uma ponte poderia ter sido construída no local, preservando a várzea do Rio dos Sinos, mas o custo seria muito alto. "Construímos bueiros que medem 1,5x1,5 até 3x3 metros, que dão conta da vazão de àgua. O bueiro é suficiente, hidráulicamente", afirmou o engenheiro Luciano Santarém, do DNIT. Questionado em diversos aspectos da obra, que está em fase final, o engenheiro disse que foram colocados na construção mais de quatro milhões de metros cúbicos de aterro.     
     Segundo o presidente da Comissão, Marcelo Kohlrausch (PDT), existe um estudo técnico ambiental, que aponta a necessidade de instalação de casas de bombas nos arroios Esteio e Sapucaia, diques auxiliares após a BR 116 e nas galerias no Arroio Esteio, além de novas pontes na BR 116. "Em Esteio, a BR 448 transformou-se num dique negativo", afirmou. Ele avaliou que em todos estes anos nunca houveram inundações na Vila Osório, Novo Esteio e no Parque Assis Brasil. O engenheiro Armindo Borstmann, da empresa Ecoplan, responsável pela elaboração do projeto executivo da obra, ressaltou que a rodovia deve servir de dique futuramente, com instalação de casas de máquinas, a pedido de prefeitos dos municípios vizinhos. "Esteio não fez o pedido, como por exemplo Canoas que solicitou a construção de galerias para abrigar casa de bombas, no bairro Mato Grande, para que não se destrua a rodovia para a construção destas obras complementares ", observou.
     Pitta afirmou que a obra não pode mais ser sofrer aditivos financeiros, pois já está fase final e deve ser entregue no final do ano e que a parte do DNIT é a conclusão da obra. "A construção de diques e casas de bombas não são de competência do DNIT. Acredito que a captação desse recurso para a construção destas casas é municipal. Todos os municípios sabiam que, futuramente, a rodovia poderia servir de dique e que deveriam captar recursos para a obra. Estes avisos foram dados durante as audiências públicas realizadas com os municípios, em função das obras da rodovia", avisou.
     Sobre o assunto, o secretário de Obras, José Luiz da Silva, alegou que estudos realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul apontavam que não havia necessidade de ser instalada de casa de bombas - que tem um custo estimado em R$ 15 milhões cada uma - na parte de Esteio. O secretário lembrou que as limpezas no local, inerentes ao município, foram realizadas.Também o secretário de Meio Ambiente, Valmir da Silva, afirmou que a comptência da obra é federal e teve autorização da Fepam. "Esteio não teve gerência nesta obra", defendeu. A reunião foi acompanhada por mais de 300 moradores dos bairro atingidos pelas cheiras, que cobraram ações do DNIT e a apuração de responsabilidade pelas perdas da comunidade.
      Uma comissão foi formada por moradores, DNIT, vereadores para realizar uma visita ao local, que deverá ser agendada para a próxima semana. Além disso, o vereador Marcelo Kohlrausch ingressou hoje(13), no Ministério Público, com uma ação, para apuração de responsabilidades. Os vereadores lamentaram a ausência da Corsan na discussão, já que o órgão precisa cumprir a determinação do Ministério Público, devolvendo ao curso normal o leito do arroio Esteio. Participaram da reunião os presidente da Câmara, Jaime da Rosa(PSB), além dos vereadores Leonardo Dahmer(PT), Leonardo Pascoal(PP), Michele Pereira (PT), Beatriz Lopes(PT), Harri Zanoni(PSB), Felipe Costella(PMDB), Jane Batistello(SP) e Rafael Figliero (PTB), além de representantes da empresa Cimento Votoran e do CREA.
 
O que eles disseram:
 
Harri Zanoni - "Há três anos fizemos a pergunta se Esteio não teria uma casa de bombas e disseram que não seria necessário"
 
Leo Dahmer - "A vazão é igual ou maior do que as passagens da BR 116 e da avenida Presidente Vargas? Isso explicaria o estrangulamento"
 
Leonardo Pascoal - "A Corsan muda o curso do arroio Esteio e a secretaria de Meio Ambiente diz que não é sua gerência?"
 
Rafael Figliero - "O represamento das águas é claro"
 
Jaime da Rosa: "Há uma galeria estrangulando o Arroio Esteio".
 
Nanci Wlater (CREA) - "Na página da BR 448, existem informações contrárias ao que está sendo dito aqui".

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Por Terezinha Bobsin.